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"A Era da Exposição: Reflexões sobre o Uso das Redes Sociais por Crianças e Adolescentes".

  • karinasantosdemelo
  • 5 de fev.
  • 3 min de leitura


O uso excessivo de dispositivos móveis, especialmente entre crianças e adolescentes, tem gerado uma série de preocupações, principalmente no que diz respeito à exposição na internet. O Brasil é um dos países campeões em uso de tecnologias móveis, e cada vez mais as famílias compartilham com seus filhos os ambientes da internet, muitas vezes sem ponderar as consequências dessa exposição. A internet, por sua vez, é um espaço onde circulam conteúdos, vídeos e imagens que podem ter impactos diretos na saúde mental das crianças e adolescentes. A relação com as redes sociais tem se intensificado, mas é fundamental que pais e responsáveis reflitam sobre o uso consciente e seguro dessas ferramentas.

Uma pesquisa recente revela que 88% dos jovens de 9 a 17 anos estão nas redes sociais, e um aumento alarmante é observado no uso de plataformas como o TikTok, especialmente entre os mais novos (ufsm.br). Esse fenômeno é conhecido como sharenting, uma prática onde os pais expõem a vida de seus filhos nas redes sociais, muitas vezes sem entender o impacto disso para a saúde mental e o desenvolvimento emocional deles.

Embora seja natural compartilhar momentos especiais com amigos e familiares, a constante exposição de fotos e vídeos pode gerar sérias consequências a longo prazo. Crianças e adolescentes podem desenvolver questões relacionadas à autoestima, além de se sentirem pressionados a corresponder a padrões de beleza idealizados e, muitas vezes, irreais. A busca incessante por essa “imagem perfeita” nas redes sociais pode levar ao desenvolvimento de distúrbios alimentares, uso inadequado de substâncias como laxantes e diuréticos, e até mesmo a tentativas de cirurgia plástica. Além disso, essa busca por padrões estéticos pode desencadear sofrimento psicológico, como baixa autoestima, ansiedade, depressão, e em casos mais extremos, ideação suicida.

De acordo com dados da Universidade de Elche, 18% dos adolescentes já reconheceram ter tentado tirar a própria vida, o que evidencia o impacto da pressão digital e da exposição constante nas redes sociais (cadenaser.com).

Os pais desempenham um papel crucial nesse cenário. Como primeiros agentes socializadores, eles têm o poder de moldar a autoestima de seus filhos e devem ser os primeiros a orientar sobre os perigos da exposição desenfreada. Por isso, é imprescindível que os pais mantenham um diálogo constante com os filhos sobre a diferença entre a realidade e o mundo virtual. Mostrar que muitas das imagens compartilhadas nas redes sociais são editadas e não correspondem à realidade pode ser uma maneira de ensinar as crianças e adolescentes a valorizarem a própria imagem e não se compararem com um padrão fictício de perfeição.

Ademais, o impacto da autoestima na saúde mental é especialmente significativo na adolescência. Essa fase da vida é marcada por uma busca intensa por pertencimento e aprovação social. Pais que expõem excessivamente seus filhos nas redes podem, sem perceber, contribuir para o aumento da pressão emocional que eles enfrentam, dificultando o desenvolvimento saudável de sua identidade e autoestima. Isso pode gerar dificuldades na adaptação social, no rendimento escolar e na construção de relações afetivas.

Portanto, é importante que os pais tomem decisões conscientes sobre o que compartilham nas redes sociais, levando em consideração o futuro psicológico e emocional de seus filhos. As redes sociais não devem ser um espaço para gerar a aprovação de terceiros, mas sim um lugar onde se compartilham momentos importantes com respeito à privacidade e à integridade emocional de todos. A presença de pais que saibam equilibrar a exposição, estabelecer limites e proteger a individualidade de seus filhos é fundamental para que eles cresçam de maneira saudável, tanto no mundo digital quanto no real.


 
 
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